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Crítica | Karatê Kid: Lendas

  • Foto do escritor: Gustavo Pestana
    Gustavo Pestana
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

2025 | 1 h 58 min | Ação – Drama – Família – Esportes

(Sony Pictures/Divulgação) 


Após anos de espera, Karatê Kid está oficialmente de volta às telonas, e não é apenas mais uma continuação, é a proposta de um novo início da franquia nos cinemas. O novo longa surge com a ousada proposta de unificar todo o universo construído até agora, conectando a clássica saga de Daniel LaRusso (Ralph Macchio) ao reboot estrelado por Jackie Chan (Mr. Han) e Jaden Smith (Dre Parker). O resultado é um verdadeiro encontro das lendas do Karatê Kid

 

Como era de se esperar, o roteiro realiza um retcon criativo, revelando como Mr. Miyagi (Pat Morita) e Mr. Han se conheceram. Apesar de parecer improvável à primeira vista, a ligação entre os dois mestres é construída de forma convincente e não soa forçada (pelo menos muito forçada), o que já torna o início da trama promissora. 

 

A história avança para apresentar Li Fong (Ben Wang), o nosso protagonista e que também é sobrinho de Mr. Han. E por essa ligação, ele demonstra um grande domínio do kung fu, embora sua mãe, interpretada por Ming-Na Wen, desaprove a prática. Essa dinâmica familiar adiciona camadas ao personagem e estabelece um pano de fundo emocional eficaz, mesmo que de início você não entenda exatamente o porquê de todos esses dilemas. 

(Sony Pictures/Divulgação) 


Como manda a tradição da franquia, o protagonista carrega um trauma do passado, enfrenta um rival que também disputa a atenção de uma garota e precisa superar seus próprios limites em um confronto final épico, com direito a um golpe especial e decisivo. Todos esses pontos são muito claros no enredo, e quando aparecer em tela você sabe exatamente o que vai acontecer e para onde esse acontecimento irá te levar. 

 

Esperar por inovações drásticas no roteiro seria ingenuidade, já que temos essa mesma estrutura em todos os filmes e série desde Karatê Kid: A Hora da Verdade (1984). O que importa aqui é como o filme conduz sua jornada repleta de clichês, e nesse ponto ele acerta em cheio: é envolvente, nostálgico e absurdamente divertido. 

 

Ben Wang carrega o longa com carisma e presença. Embora muitos esperassem que Jackie Chan e Ralph Macchio tivessem papéis centrais, os dois mestres só aparecem na reta final para treinar o jovem lutador. A maior parte da narrativa é sustentada por Ben e o trio formado por Sadie Stanley (Mia), Joshua Jackson (Victor) e Ming-Na Wen

(Sony Pictures/Divulgação) 


Apesar de seus méritos, o filme apresenta falhas perceptíveis. O ritmo, por exemplo, é um dos principais problemas. O início desenvolve bem os personagens e o universo ao redor de Li Fong, mas, da metade para o fim, tudo se acelera de forma abrupta. Correr para o embate com o vilão Connor (Aramis Knight) provoca uma mudança brusca na narrativa. Personagens importantes como Mia, Victor e a própria mãe de Li Fong são praticamente descartados, retornando apenas nas cenas finais. 

 

Outro ponto fraco está na construção do antagonista. Connor e o Demolition Dojo (não lembro nem se é esse o nome correto) carecem de desenvolvimento e carisma, o que destoa dos vilões memoráveis da franquia, como Johnny Lawrence (William Zabka), John Kreese (Martin Kove), Chozen (Yuji Okumoto), Terry Silver (Thomas Ian Griffith) e até mesmo Cheng (Zhenwei Wang). A ausência de um rival à altura compromete o impacto emocional da jornada do herói, principalmente no final do filme. 

 

Ainda assim, o filme cumpre bem seu papel como mais uma etapa da franquia Karatê Kid. Traz frescor a esse universo, mantém a essência clássica e abre portas para novas gerações se conectarem com a saga sem a necessidade de consumir todas as obras anteriores. Um feito que, na minha opinião, o reboot de 2010 não conseguiu alcançar totalmente. 

(Sony Pictures/Divulgação) 


E, sim, a pergunta inevitável: o filme tem ligação com Cobra Kai? A resposta é sim e não. Não há conexões diretas com os acontecimentos ou personagens da série, mas a presença de Daniel LaRusso e a aparência do Miyagi-Do como visto em Cobra Kai sugerem que os eventos ocorrem após a série. Há também uma cena pós-créditos que, embora não seja fundamental para a trama, oferece uma piada divertida que merece ser descoberta nos cinemas. 

 

No fim das contas, Karatê Kid: Lendas é um filme que respeita o passado, diverte no presente e planta sementes para o futuro do universo Karatê Kid nas telonas, apresenta excelentes coreografias de lutas e uma nova leva de personagens muito bons, que podem tranquilamente carregar essa franquia por um tempo. E sendo bastante otimista, quem sabe ganhamos uma sequência trazendo alguns personagens de Cobra Kai para os cinemas, com certeza eu gostaria de assistir. 

Nota

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