Crítica | O Sobrevivente
- Gustavo Pestana

- 21 de nov.
- 2 min de leitura
2025 | 2 h 8 min | Ação – Aventura – Ficção científica – Suspense
(Paramount/Divulgação)
Edgar Wright apresenta um reboot que não é exatamente um reboot, talvez um remake, mas nem isso define totalmente a proposta. Na prática, ele entrega uma nova adaptação inspirada na obra de Stephen King, a mesma que deu origem ao clássico estrelado por Arnold Schwarzenegger em 87.
O Sobrevivente (2025) se diferencia do filme de 1987 ao construir uma narrativa mais completa. Wright amplia o contexto do universo distópico, aprofunda as motivações do protagonista e desenvolve melhor a dinâmica mortal do jogo que move a trama. Esses elementos fortalecem a experiência, embora o filme se leve mais a sério do que o original, característica que, em alguns momentos, faz o charme oitentista do clássico pesar a favor da versão de Schwarzenegger.
A proposta aqui parece ser uma adaptação mais fiel ao livro de Stephen King, ao contrário do longa de 1987, que utilizou essencialmente o conceito central do jogo para criar sua própria história. Não li a obra original, então não posso garantir essa fidelidade, mas pela forma como Wright conduz a narrativa, especialmente na construção do mundo e no tom social, é possível chutar que existe uma proximidade maior com o espírito dos textos de King.
(Paramount/Divulgação)
O Sobrevivente ganhar uma nova versão nos dias atuais não é coincidência. O filme retrata um futuro distópico marcado pela divisão extrema entre classes e por um entretenimento que ultrapassa qualquer limite ético, além da clara realidade assustadoramente compatível com discussões contemporâneas sobre manipulação digital e desinformação. O uso de tecnologias capazes de distorcer imagens e fabricar versões falsas de pessoas e fatos reforça, com impacto, como essa ficção se conecta ao nosso cotidiano.
O maior ponto de debate, porém, está no tom. Os trailers vendem uma produção explosiva e repleta de ação ininterrupta, mas o filme entrega mais do que isso. As cenas de ação são excelentes, frenéticas e muito bem coordenadas, mas Wright intercala esses momentos com sequências mais calmas, contemplativas e até dramáticas. Isso pode frustrar quem busca apenas adrenalina, porém a combinação desses elementos fortalece a obra como um thriller distópico mais complexo e envolvente.
(Paramount/Divulgação)
Glen Powell entrega uma atuação marcante. Não alcança o carisma inigualável de Schwarzenegger, mas também, que consegue? Compensando essa característica com intensidade emocional, presença nas cenas de ação e um desempenho que reafirma seu nome entre os atores mais promissores da atualidade. O elenco de apoio também brilha, beneficiado por personagens mais bem escritos e por um mundo mais robusto do que o apresentado no filme de 1987. Ao trabalhar temas modernos (que já eram presentes na história) e expandir o universo original, Wright oferece material mais rico para que os atores se destaquem.
No conjunto, O Sobrevivente (2025) funciona melhor do que seu antecessor. A história é mais bem construída, o universo é mais interessante e os debates que surgem ao longo da narrativa são mais relevantes para o público de hoje. Em praticamente todos os aspectos, esta nova versão supera a de 1987, com exceção do carisma icônico de Arnold Schwarzenegger e da poderosa nostalgia que só um autêntico filme oitentista pode proporcionar.













































































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