Crítica | Wicked: Parte II
- Gustavo Pestana

- 21 de nov.
- 3 min de leitura
2025 | 2 h 18 min | Família – Fantasia – Musical – Romance
(Universal Pictures/Divulgação)
Wicked: Parte II finalmente chegou aos cinemas para encerrar uma das histórias mais queridas do universo da fantasia moderna. A produção entrega a conclusão épica desse mundo encantador que cativa gerações desde O Mágico de Oz (1939), passando pelo livro (Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West) de 1995 e culminando no fenômeno da Broadway em 2003. E mesmo sendo um excelente filme, com tudo que funcionou tão bem no primeiro, alguns detalhes me deixaram decepcionado. Não por falta de qualidade, mas talvez por minhas expectativas muito altas que acabaram não sendo plenamente atendidas.
Para contextualizar, é impossível não revisitar brevemente o primeiro capítulo. Wicked estabeleceu uma narrativa sólida ao desenvolver profundamente Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande), trazendo muito foco na relação das duas e no desenvolvimento das personalidades e desejos que são extremamente importantes para o desenvolvimento da história. Além de também trabalhar e apresentar muito bem figuras centrais como Madame Morrible (Michelle Yeoh), Fiyero (Jonathan Bailey), Boq (Ethan Slater), Nessarose (Marissa Bode) e o Maravilhoso Mágico de Oz (Jeff Goldblum), onde cada personagem foi trabalhado com cuidado, construindo relações consistentes e essenciais para a trajetória futura.
Além disso, o ritmo do primeiro filme era exemplar: uma história aparentemente simples, mas repleta de camadas, conduzida com calma e riqueza emocional, o que justifica as quase três horas de duração.
(Universal Pictures/Divulgação)
Na segunda parte, entramos literalmente no confronto entre Elphaba e o Mágico, acompanhando também eventos que ocorrem em paralelo à jornada de Dorothy em O Mágico de Oz. E é justamente aí que o filme perde parte do impacto. A narrativa se concentra mais nos acontecimentos literais do que nas relações, deixando de lado a profundidade emocional tão presente no capítulo anterior. Os personagens coadjuvantes têm participações breves, com pouco espaço para evolução ou impacto dramático.
A sensação de “correria” é constante. Os acontecimentos de O Mágico de Oz aparecem de forma externa, distante, quase desconectada da trama principal, contando que você saiba o que aconteceu no filme para preencher as lacunas deixadas nessa história. A ausência de interação direta com Dorothy, Homem de Lata, Espantalho e Leão enfraquece a conexão entre as obras e desperdiça um potencial narrativo gigantesco, especialmente considerando o trabalho feito na primeira parte ao explorar o passado das bruxas e sua transformação.
Ao conversar com quem leu o livro e ou assistiu ao musical, descobri que o filme é extremamente fiel às obras originais, o que, por si só, é um mérito, mas me faz pensar se parte da minha frustração nasce de expectativas desalinhadas e não necessariamente de falhas da produção. Ainda assim, saí da sessão com a sensação de que o desenvolvimento da história era mais envolvente e interessante que a conclusão.
(Universal Pictures/Divulgação)
Apesar dessas ressalvas, Wicked: Parte II está longe de ser um filme fraco. Visualmente, continua espetacular. Jon M. Chu demonstra novamente domínio absoluto da direção, conduzindo cenas emocionantes com precisão e sensibilidade, qualidades já evidentes na primeira parte. Cynthia Erivo permanece impecável, e Ariana Grande surpreende ao elevar ainda mais sua atuação, alcançando um novo patamar.
O universo de Oz continua vibrante e deslumbrante, com cenários que convidam o espectador a mergulhar nesse mundo mágico e maravilhoso. Novos elementos enriquecem o lore e ampliam o entendimento da mitologia desse clássico da cultura pop.
Ainda assim, o foco reduzido nas relações secundárias prejudica o peso dramático de alguns personagens, deixando certas motivações menos claras e algumas mudanças bruscas, além do ritmo acelerado que compromete parte da emoção da jornada final.
(Universal Pictures/Divulgação)
Porém, mesmo com esses pontos, Wicked: Parte II permanece um grande espetáculo que merece ser visto na maior tela possível, com o melhor som disponível. É uma conclusão belíssima (pelo menos visualmente) e grandiosa, que honra a história e emociona, ainda que, na minha visão, seja inferior ao seu predecessor.
Obs.: A parte musical continua impecável. As canções (incluindo duas faixas originais) são poderosas e marcantes, não tanto quanto as canções da primeira parte, porém reforçam a excelência desse universo onde narrativa e música caminham lado a lado.































































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