Crítica | Um Completo Desconhecido
- Gustavo Pestana
- 27 de fev.
- 3 min de leitura
2025 | 2 h 21 min | Biografia – Drama – Musical
(20th Century Studios/Divulgação)
Antes de começar a falar sobre Um Completo Desconhecido, gostaria de fazer uma observação que pode ser determinante para esta análise.
Particularmente, não sou um grande fã de Bob Dylan, não por não gostar de suas músicas, mas simplesmente porque não é um artista que escuto com frequência. Por isso, conhecia pouco sobre sua história ou sobre o cenário folk no qual ele está inserido. Dessa forma, há diversos momentos no filme que, para mim, não tiveram grande impacto, mas que provavelmente serão muito mais significativos para aqueles que conhecem Dylan e a música da época em maior profundidade.
Com isso esclarecido, Um Completo Desconhecido se revela um filme bastante interessante. Diferente da maioria das cinebiografias, ele se concentra em um recorte específico da vida do cantor, abrangendo de 1961, quando Dylan chega a Nova York com o objetivo de conhecer seu ídolo, Woody Guthrie, e se tornar uma figura relevante na música, até 1965, quando ele decide introduzir instrumentos elétricos no Festival de Música Folk de Newport.
(20th Century Studios/Divulgação)
Ao longo dessa trajetória, o filme nos apresenta a diversas figuras importantes do cenário musical da época. Pete Seeger (Edward Norton) e Joan Baez (Monica Barbaro) são dois dos nomes que exercem papéis fundamentais na trajetória de Dylan. Além da evolução de sua carreira, a obra também explora sua vida pessoal, onde a personagem Sylvie Russo (Elle Fanning) se destaca como uma presença marcante.
Timothée Chalamet entrega uma performance impecável como Bob Dylan. Sua interpretação é tão precisa que o ator praticamente desaparece dentro do personagem. Desde a forma de se mover até seu jeito de cantar e falar, tudo remete fielmente ao músico, evidenciando que Chalamet foi uma escolha certeira para o papel. Além disso, o filme constrói bem a personalidade de Dylan, tanto em sua vida pessoal quanto profissional, trazendo nuances que ajudam a desenvolver sua história.
Como mencionei no início, meu conhecimento sobre o universo folk e a trajetória de Dylan é limitado, o que tornou alguns aspectos do filme mais difíceis de compreender. A obra parte do pressuposto de que o espectador já conhece os personagens e o contexto, o que pode ser um desafio para quem não está familiarizado com esse meio. Além disso, em determinado momento, a personalidade de Dylan se torna mais introspectiva, fazendo com que ele pareça distante e sem emoções, o que acabou me afastando um pouco da obra.

(20th Century Studios/Divulgação)
Ainda assim, Um Completo Desconhecido consegue contar sua história de forma clara. Mesmo que você, assim como eu, não tenha grande conhecimento sobre Dylan e o folk, não terá dificuldades para acompanhar a narrativa, no máximo, pode sentir que teria aproveitado mais o filme se estivesse mais imerso nesses fatores.
Com uma trilha sonora excepcional e atuações memoráveis, Um Completo Desconhecido vale a pena ser assistido. Sua história é envolvente, e os acontecimentos que conduzem ao desfecho são interessantes o suficiente para que o filme não dependa apenas da fama de seu protagonista. Portanto, se você gosta de cinebiografias ou é fã de Bob Dylan, essa obra definitivamente merece sua atenção.
Vale destacar que o filme é dirigido por James Mangold, conhecido por Logan, Ford vs. Ferrari e Johnny & June, outra cinebiografia que, de certa forma, se encaixa na mesma proposta narrativa de Um Completo Desconhecido.

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