Crítica | Invencível

---

2025 | 1 h 49 min | Drama 

(Paris Filmes/Divulgação) 

Adaptar uma história quase nunca é tarefa simples. O roteiro precisa ser cuidadosamente desenvolvido para que o enredo seja compreensível e, ao mesmo tempo, respeite a essência da obra original. Cada escolha narrativa deve ser precisa, um trecho de livro, um conto ou até mesmo um fato cotidiano fora de contexto pode comprometer toda a experiência cinematográfica. Nesses casos, o olhar do diretor torna-se essencial, interpretando com sensibilidade o que merece ser levado à tela. 

Baseado no livro de Scott M. LeRette com Susy Flory, Invencível é um drama tocante inspirado na história real de Austin (Jacob Laval), um garoto que nasceu com Osteogênese Imperfeita (uma doença rara que torna os ossos extremamente frágeis) e também com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Apesar das dores e limitações, a vida de Austin é marcada por uma força interior cativante. Sua determinação, seu amor e a alegria com que enfrenta os desafios transformam profundamente sua família: o pai, Scott (Zachary Levi), a mãe, Teresa (Meghann Fahy), e o irmão mais novo, Logan (Gavin Warren). 

Embora possa parecer, à primeira vista, uma típica história de superação em uma família americana tradicional, a forma como a trama é adaptada surpreende pela sensibilidade e profundidade emocional. Amor, alegria, frustração, raiva e ternura se entrelaçam para criar uma atmosfera comovente, que vai muito além da narrativa convencional. A direção de Jon Gunn é um dos pontos altos, sua atenção aos pequenos gestos e detalhes reforça como uma adaptação pode emocionar mesmo nas sutilezas. 

(Paris Filmes/Divulgação) 

Invencível não é apenas sobre um menino especial, mas sobre uma família inteira aprendendo a se adaptar às reviravoltas impostas pela vida. Cada personagem tem um papel crucial, e isso se reflete em momentos impactantes do filme. Em uma cena marcante, por exemplo, um valentão da escola tem sua postura transformada por um ato sincero de empatia, uma reviravolta que reforça o poder da compaixão. 

Zachary Levi entrega uma atuação sólida e comovente, provando sua versatilidade além da veia cômica que consagrou em Shazam!. Ao seu lado, Drew Powell funciona como um suporte emocional eficiente, enquanto Meghann Fahy brilha no papel de mãe, equilibrando com autenticidade as nuances de uma mulher dividida entre a força e a vulnerabilidade. No entanto, o grande destaque do filme é Jacob Laval. O jovem ator surpreende com uma performance sensível e poderosa, capturando com precisão os desafios físicos e emocionais de seu personagem. Sua entrega é tão impressionante que, por momentos, é possível esquecer que se trata de uma atuação. 

Invencível emociona por sua abordagem delicada de temas intensos como doenças raras, o impacto do autismo, a convivência familiar e o enfrentamento diário das adversidades. É um filme que vai além do drama convencional, oferecendo reflexões profundas sobre empatia, resiliência e o verdadeiro significado do amor em família. Com atuações inspiradas, direção cuidadosa e um roteiro sensível, Invencível se firma como uma obra poderosa e necessária no universo do cinema contemporâneo.