Crítica | Thunderbolts*
- Gustavo Pestana
- 3 de mai.
- 3 min de leitura
2025 | 2 h 6 min | Ação – Aventura – Policial – Drama – Fantasia – Ficção científica
(Walt Disney Studios/Marvel/Divulgação)
O mais recente capítulo do Universo Cinematográfico da Marvel, Thunderbolts*, entrega algo que muitos fãs vinham esperando: leveza, diversão e um roteiro emocionalmente engajado (elementos que pareciam esquecidos nos últimos projetos do estúdio). Apesar de abordar temas sensíveis como depressão, solidão e aceitação, o longa encontra equilíbrio ao reunir personagens subestimados, tidos como "segunda classe" pela própria narrativa do MCU, e transformá-los em peças-chave de uma trama envolvente.
A grande sacada do filme está justamente na composição desse time improvável. Thunderbolts* consegue potencializar o carisma do elenco, oferecer cenas memoráveis e entregar uma experiência que, embora regular em estrutura, se destaca diante da recente leva de filmes ruins da Marvel.
Diferente do que se viu em obras anteriores, os temas pesados aqui não são apenas pano de fundo: eles moldam os personagens e influenciam diretamente o desenrolar da trama. A presença do Sentinela é um trunfo narrativo. Ele encarna, de forma literal e metafórica, o peso desses sentimentos, além de sua participação ser perfeitamente encaixada no roteiro.
A metáfora construída em torno dele funciona como um espelho do que esses heróis quebrados representam: seres poderosos, mas emocionalmente instáveis, tentando encontrar seu lugar.
(Walt Disney Studios/Marvel/Divulgação)
O retorno de personagens já conhecidos como Yelena Belova (Florence Pugh), Bucky Barnes (Sebastian Stan), Alexei Shostakov/Guardião Vermelho (David Harbour), John Walker/Agente Americano (Wyatt Russell), Ava Starr/Fantasma (Hannah John-Kamen) e Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) é um dos grandes acertos do filme. Todos ganham espaço, protagonismo e, em alguns casos, um desenvolvimento que havia sido negligenciado anteriormente. Obviamente Florence Pugh, Wyatt Russell e Sebastian Stan, que já haviam ganho um protagonismo em projetos anteriores continuam com essa característica. Mas os demais ganham a oportunidade de mostrar evolução, provando que ainda têm muito a oferecer, mesmo que algumas cenas visivelmente cortadas pudessem ter aprofundado mais suas jornadas.
Entre as atuações, quem realmente rouba a cena é Lewis Pullman no papel de Robert Reynolds/Sentinela/Vácuo. Sua performance tripla impressiona: ele interpreta três versões distintas de um mesmo personagem com nuances claras de comportamento, expressão corporal e voz. A construção dessa figura instável e de poder incontrolável (se não me engano é o ser mais poderoso da Marvel nos quadrinhos) poderia ter se perdido em exageros, mas aqui é bem dosada e faz total sentido dentro da trama.
Confesso que minhas expectativas eram baixas, mas Thunderbolts* me surpreendeu positivamente. No entanto, acredito que parte do entusiasmo do público e da crítica internacional tenha sido inflacionada pela sequência de filmes decepcionantes que precederam este. Embora esta característica não seja demérito do filme, ele só é um projeto sólido, coerente e com personalidade. Só deixo um conselho: vá ao cinema com moderação nas expectativas. O longa não entrega algo extraordinário, apenas algo muito bem feito, o que já é muito bom.
(Walt Disney Studios/Marvel/Divulgação)
[AGORA GOSTARIA DE FALAR DAS CENAS PÓS CRÉDITO, QUE NESTE FILME SÃO DUAS, ENTÃO A PARTIR DESTE PONTO HAVERÁ SPOILER, ENTÃO LEIA POR SUA CONTA EM RISCO]
A primeira cena pós crédito é leve e cômica, e mostra o Guardião Vermelho revisitando uma frase dita anteriormente, onde tenta recuperar a fama de seus dias de glória. Uma piada divertida, mas sem relevância narrativa.
A segunda, por outro lado, é bastante significativa. Nela, os Thunderbolts que passam a se chamar Novos Vingadores estão na antiga Torre dos Vingadores em Nova York debatendo como será o nome do grupo, já que Sam Wilson/Capitão América (Anthony Mackie) está remontando os “Vingadores”.
A cena é carismática e reflete conversas que muitos fãs provavelmente teriam após esse anúncio do nome, pois foi exatamente o que aconteceu comigo enquanto esperava as cenas acontecerem.
(Walt Disney Studios/Marvel/Divulgação)
Mas o verdadeiro gancho está na revelação final: um alerta indica que algo está entrando na órbita da Terra. Quando o grupo investiga, vemos uma nave com o número 4 estampado. Uma clara introdução ao Quarteto Fantástico no MCU.
Apesar de ser um bom fan service, essa conexão me pareceu forçada. A obsessão da Marvel em transformar cada filme em um trampolim para o próximo está começando a desgastar a experiência. Já sabemos que o Quarteto Fantástico será o próximo filme; o anúncio escancarado aqui acaba se tornando um spoiler e tira o impacto da conclusão do longa. Se você não percebeu, ele conta que no final de Quarteto Fantástico, o grupo irá para universo principal em que o MCU acontece.
Ainda assim, Thunderbolts* cumpre seu papel com competência e resgata um pouco do brilho perdido no MCU. Não revoluciona, mas traz um frescor, e isso, no cenário atual da Marvel, já é um feito considerável.

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