Crítica | Os Banshees de Inisherin
- Gustavo Pestana
- 2 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
2023 | 1 h 54 min | Comédia – Drama

(20th Century Studios/Divulgação)
Em meados de 1920, uma pequena comunidade da Irlanda vive distante do continente em meio à guerra civil no país. Nessa ilha, uma amizade de dois amigos, Pádraic e Colm, está prestes a desencadear situações que mexem com a pequena população.
Em “Os Banshees de Inisherin”, o diretor Martin McDonagh é excepcional em escolher uma trama simples que vai prender a atenção do início ao fim, com os desdobramentos no fictício lugar. É interessante a construção de personalidade dos personagens com o passar do filme e a proposta que McDonagh quer demonstrar.
Com uma ótima fotografia que exala as riquezas da natureza irlandesa e uma trilha sonora impecável, a reflexão para se fazer é pensar como se situar em um lugar tão pequeno com suas escolhas. Colm (Brendan Gleeson) é um rabugento que vive uma crise existencial, sempre questionando sua vida.
O pivô de toda a trama gira em seu entorno, que desencadeia a linha narrativa da trama. De uma hora para outra, decidi não ter mais a amizade de Pádraic (Colin Farrell) por o considerar chato e irrelevante para sua vida, porém, um lado sentimental ainda alimenta o carinho pelo “ex-amigo” de bar. Pádraic é totalmente o oposto. Alegre, simpático e trabalhador, sua visão de mundo é diferente.

(20th Century Studios/Divulgação)
A existência do problema é se questionar qual o motivo de tudo estar desmoronando diante dos seus pés. Essa trama ainda abre espaço para os personagens de Kerry Condon, como a irmã de Pádraic, que sonha com uma vida melhor para seu futuro já que tem um certo conhecimento intelecto, e Barry Keoghan com um personagem sem perspectiva nenhuma de vida que não usa filtros em sua fala, porém de um coração ímpar para ser ouvinte.
Se a proposta do filme é refletir sobre a vida, Martin acerta em cheio. Dificilmente sair da sala do cinema sem pensar nas escolhas cotidianas, nas pessoas que você quer por perto, nos pecados cometidos, entre outras coisas, é um exercício que o filme incita no consciente. Ser introspectivo não é ruim, mas morrer com aquilo guardado dentro de, sim, move a vida de outras pessoas pela importância.
“Os Banshees de Inisherin” pode não ser um filme primordial, mas cativa em sua linha estrutural, sabendo qualificar as escolhas do diretor em tocar na alma questões da vida e existência tratada, mesmo com absurdos abordados, com muito esmero e olhar clínico, saindo do nada e entregando tudo.

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