Crítica | O Brutalista
- Fagner Ferreira
- 18 de fev.
- 2 min de leitura
2025 | 3 h 34 min | Drama
(Universal Pictures/Divulgação)
A arquitetura brutalista é conhecida mundialmente como um estilo de arte que usa o concreto na sua forma mais bruta, em grandiosas obras artísticas pelo mundo, ou até mesmo em prédios espalhados pela cidade, o uso desse artifício arquitetônico moderno deixa um visual vistoso, sendo um dos contrapontos dessa arte ela ser algo bruto, sólido, frio e não trazer nenhum sentimento por tal elemento.
Em O Brutalista acompanhamos László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto que foge da Europa para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, assim como sua esposa Erzsébet (Felicity Jones) e sua sobrinha Zsófia (Raffey Cassidy).
Em sua nova jornada, László busca um novo começo na América, para se estabelecer e ter novamente sua família por perto. Quis o destino que o arquiteto encontrasse Harrison Van Buren (Guy Pearce), um rico e apaixonado por arquitetura, que contrata László para uma importante obra modernista para sua comunidade. Tal projeto ambicioso deixa a vida do arquiteto entre a cruz e a espada e um “inferno astral” está prestes a começar em sua vida.
(Universal Pictures/Divulgação)
A semântica “Brutalista” condiz com o personagem central da trama. Assim que chega aos Estados Unidos, em um navio, a primeira coisa que vê é a Estátua da Liberdade, que é mais que um símbolo como o próprio nome diz, mas uma arte que perpetua até os tempos de hoje.
A escolha do Brutalismo não é por acaso. A centralidade da história é justamente a arquitetura em suas mais de 3h de filme que nunca caem no esgotamento. São profundas camadas apresentadas que o diretor e roteirista Brady Corbet nos mostra que o Brutalismo e o protagonista estão conectados em todas as suas instâncias. Isso tudo é dosado bem entre assuntos que abordam não só a arte, mas também a política, religião, sexualidade, drogas, xenofobia e outros assuntos que são bem abordados pelo diretor, usando sempre o protagonista como fio condutor.
A trilha sonora e a fotografia de O Brutalista nos colocam de volta ao passado, onde admiramos a beleza da filmografia do filme sem perceber o tempo passar, mesmo com a longevidade da trama misturando as grandes atuações de Guy Pearce, que tem aqui um de seus melhores trabalhos no cinema assim como Felicity Jones e Adrien Brody.
(Universal Pictures/Divulgação)
Adrien inclusive está novamente em um papel admirável em sua carreira. O ator parece não mostrar totalmente a personalidade de László na primeira parte do filme, mas as escolhas e as consequências moldam o personagem que vive a expectativa de ter sua família novamente ao lado, porém a melancolia dos fatos deixam o arquiteto mais ríspido e irresponsável de suas atitudes, ao mesmo tempo que sua esposa mais precisa de sua atenção.
Com diálogos inteligentes e uma perspectiva entre o personagem principal e o título do filme, O Brutalista usa a semântica para misturar dois elementos com os mesmos maneirismos em diferentes escalas, usa o artifício positivamente em uma história que poderia percorrer outros caminhos e continuar tendo a mesma dinâmica, sendo autêntico e corajoso.

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