Crítica | Nosso Sonho

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2023 | 1 h 57 min | Biografia – Comédia – Drama

(Manequim Filmes/Divulgação) 

“Nosso Sonho” já começa criando um ambiente cativante e emocionante, com os créditos iniciais tocando um instrumental da música “Quero te Encontrar” talvez a música mais conhecida de uma das duplas de maior sucesso no Brasil no cenário funk/rap nacional dos anos 90.  

Claudinho e Buchecha foram mais que uma dupla, eram amigos, “brothers”, uma parceria que os brasileiros aprenderam a amar, mas não foi fácil alcançar o auge musical, e muito menos após o falecimento prematuro de Claudinho em um acidente de carro.  

Partindo da visão de Buchecha, a história relata, de maneira precisa e pontual, a infância dos meninos que se conheceram em São Gonçalo, na comunidade Boaçu, onde mostra Buchecha passando por um período de inferno astral dentro de casa, tendo um pai ausente por conta da bebida e uma mãe batalhadora para conseguir o sustento.  

(Manequim Filmes/Divulgação) 

Até que um belo dia Buchecha vê seu amigo se mudar para outra comunidade de São Gonçalo, o Salgueiro fazendo com que sua amizade, que parecia ser sua única fonte de felicidade fosse interrompida temporariamente até que sua mãe o manda procurar sua tia, exatamente no Salgueiro, fazendo com que ele reencontre Claudinho e, a partir daí, não se separassem jamais.  

Sem apelar para o lado melodramático da coisa, os diretores Eduardo Albergaria e Júnior Viera dosam bem os momentos que irão se destacar dentro da trama, rodeados de momentos de dificuldades e a transformação dos amigos na dupla de sucesso.  

A todo momento, Buchecha faz questão de enaltecer o quão Claudinho era importante para a sua vida profissional e pessoal, colocando como “anjo” em sua jornada. A vivência difícil com o seu pai também é abordada de forma que não atrapalhe a trama principal, chegando até dar suporte para a mesma.  

(Manequim Filmes/Divulgação) 

Juan Paiva está em sua melhor atuação no cinema, trazendo um Buchecha carregado de incertezas sobre a vida, seus conflitos pessoais e até mesmo brilha quando tem diálogos com Nando Cunha. O elenco infantil também tem seu destaque com Gustavo Coelho (Buchecha) e Boca do 09 (Claudinho).  

Mas Quem realmente rouba a cena, além da história, é Lucas Penteado. O ator encarna muito bem Claudinho com um humor alegre que funciona em momentos propícios, com piadas e jargões, como “faixa”, e nos momentos dramáticos o ator consegue transcender a seriedade necessária na trama, além de realizar magistralmente aquilo que o diretor e Buchecha, um dos produtores, queriam para obra.  

“Nosso Sonho” é uma linda homenagem para a dupla Claudinho e Buchecha, e mais que isso, é uma visão poética da vida dos cantores, mesmo que o ritmo possa quebrar em alguns momentos, com as letras completas de músicas consagradas, o filme é um espetáculo, digno de uma biografia emocionante, fazendo com que seja difícil ficar parado sem ao menos dançar e cantar um hit.