Crítica | Duna: Parte Dois
- Gustavo Pestana
- 29 de fev. de 2024
- 4 min de leitura
2024 | 2 h 46 min | Ação – Aventura – Drama

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
Duna é um universo incrível, repleto de maravilhas, que transpassa gerações e carrega uma legião de fãs, e por isso é tão importante a dimensão que este filme traz e o respeito a este universo, tanto que já foi mostrado no primeiro longa que o diretor Denis Villeneuve é um grande fã da história e que sabe muito bem a forma perfeita para adaptar uma trama que envolve, política, religião, vingança, guerra entre tantos outros temas, além de todo o visual deslumbrante de Arrakis.
Mas antes de entrar propriamente na minha opinião sobre o segundo filme deste universo, devo ressaltar que não irei comparar ele com o livro, onde trarei minha opinião totalmente baseada no que o longa apresenta. Tendo dito isso, vamos para o que interessa.
Assim como a primeira parte, “Duna: Parte Dois” traz uma história fechada, mas que obviamente contínua do gancho deixado, e surpreendentemente deixa uma possibilidade de continuação, dando a entender que Villeneuve planeja uma terceira parte dessa história que cresceu de maneira exponencial, trabalhando mais seu universo e mitologia, evoluindo todos os personagens que conhecíamos e apresentando novos que se mantém no mesmo nível dos demais, deixando toda a obra equilibrada e caminhando em frente.

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
Como este filme contínua de onde o longa anterior parou, ele não perde tempo relembrando o que já foi apresentado, então sugiro que assista à primeira parte para que fique tudo fresco em sua memória, mas mesmo que não assista ao primeiro longa, não terá problemas para entender a história aqui.
Pois como já mencionei, esta é uma história fechada, que se aproveita do gancho anterior e desenvolve totalmente seu arco, concluindo todos os pontos que o primeiro longa deixou em aberto, mas não necessitando que você tenha assistido à primeira parte, mas é melhor para o todo saber o que aconteceu antes, e porque os personagens estão aqui nesta situação.
Diferente do primeiro filme, aqui é muito mais trabalhada a parte religiosa de Duna, e é mais aprofundado a relação dos Fremen e de Paul com a profecia, além da óbvia continuação do tema político, já que agora temos os Harkonnen no poder, explorando de maneira mais agressiva a extração da especiaria e tentam de uma vez por todas acabar com o Fremen.
Por esse aprofundamento no tema religioso e da profecia, temos um desenvolvimento muito grande de Paul Atreides (Timothée Chalamet) e Jessica (Rebecca Ferguson), mostrando uma incrível evolução do que seus personagens eram no longa anterior, além de uma mudança notável de como eles começam esse filme e como eles terminam, apresentando todos os motivos de suas mudanças e ações, para justificar o final do longa de maneira exemplar.

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
Finalmente temos Zendaya (Chani) no filme, e não em pequenas visões como no longa anterior, e essa espera foi muito bem recompensada, já que ela entrega uma personagem simplesmente sensacional, com diversas camadas e uma química absurda com Chalamet, sendo um pilar extremamente importante para o desenvolvimento de Paul, e do próprio povo de Arrakis, mostrando mais uma vez todo o potencial artístico que ela possui.
Como o filme é repleto de personagens importantes e com grandes atores os interpretando, é obvio que não teríamos um grande tempo de tela para todos, mas é de extrema importância ressaltar que mesmo que tenha essa barreira narrativa, todos eles estão excelentes nos papéis e entregam personagens perfeitos, como no caso de Stilgar (Javier Bardem), Feyd-Rautha (Austin Butler), Princesa Irulan (Florence Pugh) e Imperador (Christopher Walken), onde todos têm sua importância narrativa.
Não é surpresa para ninguém que tecnicamente este filme é surreal, a direção de Denis Villeneuve é mais uma vez impecável, junto com uma fotografia deslumbrante e uma trilha sonora que só poderia vir de Hans Zimmer, completando esse ar épico, que Duna merece.

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
Mesmo que o filme ainda apresente um ritmo cadenciado, ele traz uma diferença em relação ao anterior, onde ajusta melhor suas cenas de ação com o todo, que por sinal, conseguem ser melhor trabalhadas do que as que temos no primeiro longa, principalmente as cenas de ataques as extrações de especiarias e nas cenas da guerra entre os Fremen e os Harkonnen, trazendo o ápice de tudo o que o longa fez.
Sendo com certeza o ponto mais alto em relação às atuações, duelos, fotografia, direção e música, mostrando que todos os aspectos foram trabalhados ao máximo, culminando em um final épico que faz jus a tudo o que foi preparado e apresentado nesses dois filmes.
O peso dramático que este longa carrega é incrivelmente pesado, mesmo que tenham alguns momentos de descontração, mas as ações que vão acontecendo e o rumo ao qual os personagens são levados, principalmente Paul, nos mostra de maneira sutil, porém precisa toda a dor que eles sentem, e que suas ações causam, mesmo as que não correspondam com a expectativa, sendo necessárias para uma conclusão favorável e feliz para todos, ou pelo menos para a maioria.

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
“Duna: Parte Dois” consegue melhorar em alguns aspectos do primeiro longa, que já era excelente, trazendo uma história de conclusão que conclui um arco e inicia outro, não é extremamente expositivo ou cansativo, contendo diversas camadas para serem apreciadas e entendidas.
Sua execução técnica é impecável e invejável, assim como seu anterior, e mais uma vez retrata toda a mitologia de maneira simples e precisa, como uma boa adaptação deve fazer, além de ser simplesmente lindo visualmente.
Entretanto, o fato dele sugerir um futuro que não conclui exatamente a história não me agrada, e os conflitos que ele inicia ao final deste longa me deixa em extrema curiosidade para ver o que irá acontecer em seguida, mas essa jogada é extremamente arriscada, já que até o momento não existe uma confirmação de continuação para este universo, e por isso fico com um pouco da sensação de que embora esse arco tenha se encerrado, existe um arco que pode ficar em aberto.

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