Crítica | A Cor Púrpura
- Gustavo Pestana
- 8 de fev. de 2024
- 3 min de leitura
2024 | 2 h 21 min | Drama – Musical

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
Diferente do que seu irmão dirigido por Steven Spielberg em 1985 apresentou, esta versão de “A Cor Púrpura” traz uma estética delicada, colorida e suave, sendo uma releitura com um pouco menos do peso de sua versão “original”, mas mantendo sua essência, e mesmo com estes tons mais vibrantes, o longa continua impactante, emocionante e atual, abordando o tema de forma tão efetiva quanto a versão de 85.
Nesta versão, somos apresentados à história por meio de musicais, que ajudam a conduzir a trama de maneira brilhante, pontuando sensações e ajudando a trazer esse tom mais esperançoso que o longa quer entregar.
Suas atuações são de nível absurdo, tendo talvez o elenco mais parelho dentre todas as produções recentes, Fantasia Barrino, Taraji P. Henson, Danielle Brooks e Colman Domingo são simplesmente impecáveis em suas atuações, onde é praticamente impossível dizer qual deles é melhor, já que cada um destes personagens é extremo um dos outros, e funcionam muito bem juntos e separados, fazendo com que nós entremos no longa de maneira surreal, e vivamos os sentimentos que eles estão apresentando.

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
O elenco de apoio também é espetacular. Corey Hawkins, Phylicia Pearl Mpasi e Halle Bailey são somente alguns desses nomes que não têm um grande protagonismo, mas dão um banho de atuação quando em cena.
Não preciso falar que, quando exalto a atuação de todos esses atores, estou me referindo tanto à parte dramática quanto à musical, que carrega toda a dramaticidade e nos emociona com números belíssimos e canções fortes e impactantes, que flertam com o gospel, black music, soul e jazz.
O peso que a história carrega é imenso, já que estamos falando de abuso, perdas, abandono, solidão, escravidão, entre outros assuntos que percorrem o longa, que mostra seus personagens ao longo dos anos 1909, 1917, 1922 e 1940, trazendo uma clara evolução de suas personalidades e entendimento do mundo, e, ao mesmo tempo, o mundo se mantendo o mesmo, fazendo com que o paralelo com todos os conceitos preconceituosos se mantenham fortes.

(Warner Bros. Pictures/Divulgação)
Como falado no início desta critica, o longa tenta trazer uma visão mais otimista para a obra, talvez para alcançar um público maior, ou simplesmente por escolher outra narrativa de contar sua história, mas que independente do motivo, se mostra muito assertiva, trazendo momentos de superação e de esperança, pontos cruciais na luta de nossas protagonistas por reconhecimento e mudança.
Este novo tom talvez prejudique nos momentos mais sombrios, em que talvez o silêncio fosse mais assertivo do que uma canção, mas estes momentos são tão poucos que, em um conceito geral, não vejo como defeito, e sim como escolha narrativa de querer trazer mais esperança do que impacto.
Com isso devo concluir que “A Cor Púrpura” é uma excelente releitura do clássico dos anos 80, trazendo sua essência e história em um formato novo e muito efetivo, que alegra, e nos faz pensar na mesma proporção, com um elenco perfeito e músicas maravilhosas dentro de suas 2 h 21 min de duração.
Onde, mesmo sendo um filme longo, se mostra no controle de seu tempo e ritmo, entregando uma experiência maravilhosa, mas que infelizmente sempre será assombrada por sua obra “original”, que, em minha opinião, acerta mais a fundo nos conceitos tão graves que este filme questiona.

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