Crítica | A Contadora De Filmes
- Fagner Ferreira
- 28 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
2024 | 1 h 56 min | Drama

(Diamond Films/Divulgação)
Anos 60, Deserto do Atacama, Chile. Uma família, assim como outras no lugar, moram em um vilarejo próximo a uma mineradora alemã, administrada por Hauser (Daniel Brühl). Dentre as dezenas de pessoas que trabalham para a empresa da Alemanha está Medrado (Antonio de la Torre), que juntamente com a sua família esperam ansiosos os domingos para ir ao cinema do pequeno lugar e assistir às principais estreias de Hollywood.
Entretanto, essa diversão familiar começa a ser racionada após a situação financeira não ser uma das melhores e somente um membro da família pode comparecer. É nesse momento que María Margarita (Alondra Valenzuela) descobre um grande dom que é contar toda a história de um filme como se todos estivessem no cinema, com seus relatos cheios de dramatização que emocionam quem assiste.
É nesse clima que A Contadora de Filmes vai elaborando toda a sua estrutura narrativa de abordar a magia do cinema em meio as situações adversas do cotidiano, um escapismo positivo que transcende mais que a arte na tela, mas sim uma gama de possibilidades de pensamentos lúdicos fora do seu universo.
(Diamond Films/Divulgação)
Se o cinema é uma fonte de onde inúmeras histórias podem ser ditas, a vida real é diferente. As realidades abordadas na película são tão rotineiras que sentimos na pele tudo aquilo que está acontecendo com a família, seja o pai que não pode trabalhar, seja a mãe e suas angústias, seja os irmãos que precisam se esforçar ao máximo para uma vivência em uma escala harmônica, são tantas as profundidades trabalhadas de forma simplória que as questões políticas e a evolução tecnológica que o filme abordam pode não pesar tanto no enredo, pois a centralização está no modo em que a família vai se sustentar e sobreviver a todos os fatos postados.
Claro que vale ressaltar o destaque e a importante luta dos trabalhadores contra o capitalismo e a verdadeira face de uma ditadura militar que, mesmo não precisando mostrar diretamente toda a violência, pois o intuito não é desvirtuar do arco principal, mas que se conectam em um determinado momento em que as decisões precisam ser mais pensadas.
Alondra Valenzuela e Sara Becker se destacam como a mesma personagem em momentos diferentes, porém sempre com as mesmas características, assim como o núcleo que interpreta seus irmãos mais velhos.
Sensível, emotivo e artístico, A Contadora de Filmes é genuíno em sua atmosfera de mostrar que a sétima arte é colírio para os olhos, é apaixonante e uma homenagem, em suas devidas proporções, ao cinema naquilo que a mensagem quis transmitir dentre os fatos históricos marcados pela evolução seja ela no âmbito político ou tecnológico.

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