Crítica | Shadow Force - Sentença de Morte
- Gustavo Pestana
- 6 de jul.
- 3 min de leitura
2025 | 1 h 44 min | Ação – Drama – Suspense
(Paris Filmes/Divulgação)
Todo filme, por pior que seja, costuma me oferecer algo de valor, uma ideia interessante, uma tentativa criativa, uma fagulha de originalidade ou qualquer outra coisa, por mais que pareça improvável, eu sempre começo uma sessão com o coração aberto, disposto a embarcar na experiência proposta. Mas Shadow Force: Sentença de Morte conseguiu testar minha paciência em todos os níveis possíveis.
Dirigido por Joe Carnahan, que também assina o roteiro ao lado de Leon Chills, o longa é uma verdadeira montanha-russa de absurdos. Sem emoção, sem conexão e com mais furos que um campo de golfe. A proposta até sugere soar empolgante, mesmo que absurdamente clichê, mas o resultado final...
A trama acompanha Kyrah (Kerry Washington) e Isaac (Omar Sy), ex-integrantes da unidade de elite secreta Shadow Force, forçados a fugir com seu filho Ky (Jahleel Kamara) após desertarem da organização. Caçados sem trégua pela mesma força de elite que um dia serviram, o casal precisa enfrentar um cerco brutal para garantir a sobrevivência da família.
(Paris Filmes/Divulgação)
A premissa, embora previsível, ainda poderia render algo interessante. Mas Shadow Force não apenas abraça os clichês, ele consegue estragá-los. O vilão da vez é Jack Cinder (Mark Strong), antigo chefe da dupla e principal financiador da caçada. E o motivo da perseguição beira o cômico. Incialmente você imagina que é por terem desertado, por serem extremamente habilidosos e por isso perigosos, ou por terem participados de missões secretas, e por isso possuem informações sigilosas, mas não, tudo não passa de rancor amoroso. Isso mesmo, Cinder nutre um amor não correspondido por Kyrah, e sua obsessão vira o motor de toda a trama.
A elite da elite, treinada para missões impossíveis, é aniquilada com facilidade por personagens comuns, em cenas que desafiam qualquer lógica ou verossimilhança (e eu estou levando em consideração que estamos vendo um filme de ação).
Se o enredo já derrapa feio, o elenco decepciona ainda mais. Kerry Washington não convence como agente letal, tampouco como mãe preocupada e disposta a fazer qualquer coisa pela família (mesmo que ela repita isso diversas vezes no filme). Omar Sy até entrega um momento promissor no início, ao mostrar vulnerabilidade como pai, mas isso se dissolve tão logo a ação toma conta. Mark Strong e Da'Vine Joy Randolph, nomes de peso, parecem funcionar no modo automático, se bem que todos os atores estão atuando nesse mesmo sentimento, então nem sei se dá para criticá-los por isso.
(Paris Filmes/Divulgação)
O que poderia ser um thriller minimamente bem-feito, com tensão e boas sequências de ação, se transforma em um espetáculo vazio. As cenas de luta são mal coreografadas, o drama não emociona, e as decisões dos personagens soam tão idiotas que até mesmo um espectador desatento percebe o quanto tudo ali não faz sentido, e isso porque eles são os melhores dos melhores. A conclusão surge de forma tão abrupta e sem qualquer impacto que te faz questionar se realmente acabou, mas pelo menos é coerente com o restante da produção.
No mar de grandes estreias que dominam o cinema atual, Shadow Force é um filme que parece ter sido feito no piloto automático. Se a intenção era entregar entretenimento de qualidade, o resultado passou longe. Nem para o streaming ele se sustenta com dignidade. Talvez funcione apenas como última opção num domingo entediante, ou nem isso.

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