Crítica | Amores à Parte
- Fagner Ferreira Seara
- 19 de ago.
- 2 min de leitura
2025 | 1 h 40 min | Comédia

(Diamond Films/Divulgação)
As comédias românticas ganharam fama nos anos 1990 ao misturar humor com romance em histórias previsíveis que alimentavam o sonho do “felizes para sempre” entre casais idealizados. Essa fórmula, embora eficiente, acabou se tornando repetitiva ao longo do tempo, entregando narrativas agradáveis, mas quase sempre vazias em propósito. Com o passar dos anos, o gênero precisou se reinventar dando espaço a novos tipos de relacionamentos, ampliando seu horizonte narrativo e acompanhando as mudanças da sociedade contemporânea.
Amores à Parte surge nessa tentativa de renovação. Na trama, Carey (Kyle Marvin) tem sua vida virada de cabeça para baixo ao receber um pedido inesperado de divórcio da esposa Ashley (Adria Arjona) durante uma viagem de carro. Desolado, ele busca apoio junto aos amigos Julie (Dakota Johnson) e Paul (Michel Angelo Covino) e descobre que o casal adota um relacionamento aberto. Estimulado pela curiosidade, decide experimentar esse novo modo de viver, embarcando em situações que testam seus limites emocionais e mudam a dinâmica ao seu redor.

(Diamond Films/Divulgação)
A premissa de discutir a não monogamia dentro de uma comédia romântica é interessante, e até ousada, mas o roteiro de Amores à Parte se perde em sua condução. O filme alterna exageros pouco funcionais com momentos de humor visual alegórico, que muitas vezes parecem existir apenas para inflar o enredo. Embora haja autenticidade na ideia de encarar o “perder para tentar reconquistar”, o excesso de idas e vindas, incluindo situações surreais como conviver com a ex e seus diversos parceiros num mesmo espaço, torna a experiência cansativa.
Ainda assim, o elenco demonstra grande química, especialmente nos momentos de humor, conduzidos por diálogos afiados que mantêm o clima leve mesmo quando o tema é delicado. A construção de um caos proposital chama atenção: há reflexões palpáveis sobre desejo, afeto e conexão, ainda que envoltas em uma narrativa desorganizada que nem sempre entrega o impacto emocional planejado.
Amores à Parte é charmoso ao propor novas formas de enxergar o amor romântico, desestruturando a comédia romântica tradicional ao tratar temas como intimidade, liberdade e afeto sob uma ótica contemporânea. No entanto, seu excesso de "movimentação" narrativa impede que a crítica inerente ao roteiro se consolide de forma mais profunda, resultando em um filme agridoce, curioso e bagunçado na mesma medida.

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