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Depois da Caçada

  • Foto do escritor: Fagner Ferreira Seara
    Fagner Ferreira Seara
  • 11 de out.
  • 2 min de leitura

2025 | 2 h 19 min | Policial – Drama – Suspense

(Sony Pictures/Divulgação) 


Trazer debates essenciais da sociedade por diferentes ambientes dentro do cinema é um desafio complexo, mas não para Luca Guadagnino. O diretor italiano demonstra, mais uma vez, sua habilidade em explorar as relações humanas sob múltiplas camadas. Exemplos marcantes disso não faltam como em Me Chame Pelo Seu Nome, Rivais e Queer

 

Em sua nova obra, Guadagnino volta a se debruçar sobre a complexidade das conexões interpessoais, desta vez sob o olhar do meio acadêmico. 

 

Julia Roberts interpreta Alma, uma professora da Universidade de Yale que busca a titularidade após anos de dedicação. Casada com o excêntrico Frederick (Michael Stuhlbarg), ela vê sua vida pessoal e profissional se entrelaçarem de forma tensa quando recebe em casa o colega Hank (Andrew Garfield), a aluna de doutorado Maggie (Ayo Edebiri) e outros convidados para uma noite de debates intelectuais. No dia seguinte, Alma descobre que Maggie acusou Hank de assédio sexual, o que coloca a protagonista em uma encruzilhada moral e emocional, despertando traumas e dilemas do passado. 

(Sony Pictures/Divulgação) 


O tema central de Depois da Caçada reacende o debate sobre o movimento #MeToo, apresentando-o de maneira mais íntima e reflexiva. Guadagnino convida o espectador a participar da trama não apenas como observador, mas como parte do julgamento moral dos personagens, provocando questionamentos sobre verdade, culpa e percepção. No entanto, o roteiro de Nora Garrett (Beirute) enfraquece a potência do filme: os diálogos são excessivamente contidos, e a narrativa se arrasta em momentos em que o conflito deveria explodir. O ritmo moroso e a ênfase exagerada em expressões faciais acabam diluindo o impacto emocional da história. 

 

Visualmente, o uso dos espelhos simboliza o egocentrismo e a duplicidade dos personagens, mas as subtramas dispersas não acrescentam à construção dramática. O elenco, entretanto, é o ponto forte. Julia Roberts entrega uma performance contida e intensa, enquanto Andrew Garfield brilha como o ambíguo Hank, dominando as cenas com sutileza e desconforto. Stuhlbarg, Edebiri e Sevigny complementam o elenco com precisão. 

 

Apesar das boas intenções e do tema relevante, Depois da Caçada é um dos trabalhos menos inspirados de Guadagnino. A falta de ritmo e o roteiro hesitante impedem que o filme alcance o impacto esperado. O resultado é uma obra esteticamente elegante, mas emocionalmente fria, uma discussão necessária que, infelizmente, não encontra o tom certo como uma excelente trilha sonora com músicas brasileiras. 

Nota

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