Crítica | Tipos de Gentileza
- Fagner Ferreira
- 21 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
2024 | 2 h 44 min | Drama – Comédia
(20th Century Studios/Divulgação)
Não demorou muito para Yorgos Lanthimos voltar às telas de cinema. Em seu novo filme, Tipos de Gentileza, o diretor traz novamente Emma Stone, Willem Dafoe e Margaret Qualley que estiveram presentes em Pobres Criaturas, um dos filmes mais premiados do Oscar 2024.
Agora Lanthimos volta as suas origens que o evidenciou no cenário mundial do cinema como fez em O Sacrifício do Cervo Sagrado, sua zona de conforto para elaborar uma história que deixam mais perguntas no ar do que respostas ou questionamentos da sociedade que põe em xeque o cotidiano do certo ou errado, o equilíbrio unilateral de fatos que dominam a mente do público. Em seu novo filme, o diretor traz três histórias diferentes, porém com o mesmo núcleo de atores sendo usado.
Em suas quase 3 horas de duração, mergulhamos em histórias com características distintas, sem qualquer conexão direta com outra, porém os elementos presenciais são elaborados dentro dessas partes, tendo linhas narrativas que aguçam o interesse do público. O problema, em questão, é saber dosar essa medida de não deixar a “peteca cair” mantendo viva a elaboração estrutural escolhida pelo diretor com todo o seu tom de expressar o poder que a elite tem em mãos em uma sociedade piedosa e o controle que se sobrepõe aos mais fracos e ridicularizados.
(20th Century Studios/Divulgação)
Em todas as histórias, o elenco é crucial para o andamento da trama, mesmo que haja uma falta de trabalho mais ágil e alguns momentos, todos têm a sua importância e versatilidade de execução, exceto Hong Chau, um grande desperdício dentro do filme.
Jesse Plemons é o centro das atenções nas três partes. Seja um subordinado que precisa acatar as ordens do seu chefe para manter o estilo de vida em sociedade, seja um policial que desconfia da idoneidade da sua mulher que estava desaparecida, seja um fiel de uma seita religiosa que procura algo digno da imortalidade. Plemons constrói, de maneira crível, seus três personagens criando trejeitos distintos para todos eles de forma orgânica, assim como Willem Dafoe soube distinguir seus personagens que têm uma sintonia igualitária de liderança sem ser questionado por suas decisões. Emma Stone é o alívio cômico de todas as partes, com um humor ácido e sua qualidade extraordinária de atuação.
Por mais interessante que possa ser uma estrutura dividida e trazer o carro chefe novamente, Yorgos tem um filme menos caprichado, simplório de suas ideias fazendo que Tipos de Gentileza, por mais absurdo que seja criado de uma mente bastante agitada, não consegue segurar toda a vitalidade de outros filmes do diretor mesmo que o interesse das histórias tenham deixado seus questionamentos inteligentes, de forma perturbadora ou eloquente, prender a ansiedade do fim delas.

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