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Crítica | Sonhos

  • Foto do escritor: Gustavo Pestana
    Gustavo Pestana
  • 31 de out.
  • 2 min de leitura

2025 | 1 h 35 min | Drama – Romance

(Imagem Filmes/Divulgação) 


Sonhos propõe discutir temas complexos com grande potencial dramático. No centro da trama está Jennifer McCarthy, vivida por Jessica Chastain, uma executiva influente de uma poderosa empresa familiar. Ela mantém uma imagem pública impecável: filantropa, engajada em causas sociais e responsável por uma fundação dedicada a apoiar imigrantes mexicanos. 

 

Por trás desse prestígio, Jennifer vive um relacionamento secreto com Fernando Rodríguez (Isaac Hernández), um jovem bailarino mexicano que sonha em construir uma vida ao seu lado nos Estados Unidos. A partir dessa premissa, o filme aborda luta de classes, preconceito, vergonha social, “amor” e política, alternando momentos de romance com o desconforto que deixa o espectador completamente desconfortável, afinal como poderia alguém tão poderosa se envolver com alguém considerado “inferior”? 

 

As nuances que evidenciam desigualdade social surgem com força ao longo da narrativa, especialmente quando Fernando começa a ganhar autonomia e reconhecimento por meio do balé. Essa ascensão se torna uma ameaça para Jennifer, e o que antes parecia amor logo se revela uma relação problemática, marcada pelo descontrole emocional. 

 

O terceiro ato intensifica o drama. Quando a história assume contornos de abuso, assédio e cárcere, o longa finalmente encontra peso dramático e um desfecho impactante. As máscaras caem e todos os sentimentos de preconceito, medo e vergonha que sustentavam o casal se desintegram fechando a história de maneira trágica, porém plausível. Porém, ainda assim, o filme falha em sua construção. 

(Imagem Filmes/Divulgação) 


De modo geral, Sonhos é frio e arrastado. O silêncio domina boa parte da narrativa, mas, sem um roteiro sólido que o sustente, esse recurso se torna cansativo. Os diálogos, quando surgem, são excessivamente expositivos, quase como explicações tardias para longos trechos de completa quietude. 

 

As atuações também não convencem: emoções rasas e pouco desenvolvidas enfraquecem o impacto do drama social e psicológico que o filme pretende explorar. Assim, boas ideias acabam soterradas por escolhas narrativas pouco inspiradas. 

 

No fim, Sonhos é um filme que tinha tudo para funcionar, mas tropeça na própria ambição. A falta de ritmo, a abordagem superficial do romance tóxico e a queda em clichês impedem que a obra traduza com clareza seus debates e sentimentos. Uma história com propostas pertinentes, mas que permanece presa em uma zona de indecisão e insatisfação. 

Nota

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