Crítica | O Exorcismo
- Fagner Ferreira
- 1 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de ago. de 2024
2024 | 1 h 35 min | Terror – Suspense

(Imagem Filmes/Divulgação)
Após o regular “O Exorcista do Papa”, Russell Crowe volta ao mundo do exorcismo interpretando Anthony Miller, um ator que já teve seus momentos de brilhantismo no cinema americano, porém com a perda de sua mulher para o câncer e o vício em álcool e drogas deixaram a mente de Tony totalmente perturbada e sem rumo culminando em uma vida turbulenta e o afastamento de sua filha Lee (Ryan Simpkins). O retorno triunfal de sua carreira está em um novo papel em um filme que pode renovar sua estima positivamente, mas os fantasmas do passado mexem com sua mente e as consequências delas podem ser trágicas tanto para ele quanto para quem estiver por perto.
O trabalho do diretor Joshua John Miller, em parceria com M.A.Fortin, constrói uma identidade dramática para a trama bem elaborada em seu primeiro ato. Somos apresentados a um episódio mortal dentro do set do filme que está sendo produzido dentro da película, uma espécie de homenagem ao excelente “O Exorcista”, de 1973. Joshua, que também assina o roteiro, quer contar um pouco das histórias “macabras” que ocorreram nos bastidores do terror de forma que possa parecer orgânica, somando-se a um personagem central que tem seus demônios internos com a questão da Igreja em sua vida. A medida que Crowe vivencia o Padre neste filme, sua mente começa a ter lapsos de memórias de sua infância e um trauma que carrega por tanto tempo, uma carga dramática suficiente para uma elaboração de maior dinamismo ao que o roteiro pede.

(Imagem Filmes/Divulgação)
Contudo, toda essa preocupação de apresentar Anthony Miller e os demais que estão envolvidos diretamente com ele é jogada no lixo com o passar do filme. Um carrossel de desconexões começa a exalar na tela e o que era interessante inicialmente ao filme virá mais uma película medíocre do gênero, apelando para sustos, mortes, maquiagens questionáveis e cenas tristes de serem assistidas. Totalmente sem nexo algum, a história muda terrivelmente e temos uma nova história sendo apresentada sem emoção, sem uma energia que possa dar interesse ao público. Se o primeiro ato é bem trabalhado, mesmo que tenha um clima bastante arrastado (necessário) para a apresentação do personagem central, o restante da trama é uma porcaria completa e suja ainda mais a imagem de um gênero que, cada vez mais vem sendo criticado por apenas criar sustos e vender filmes sem se preocupar com a qualidade do material.
Russell Crowe até tenta, com sua genialidade, dar algum segmento de qualidade ao seu personagem. Tem suas emoções, tem suas angústias, mas o mau trabalho da direção consegue deteriorar tudo, descarta o interessante e é um Deus nos acuda. Sam Worthington é um exemplo disso, o seu aproveitamento no filme é quase nulo, uma apresentação totalmente desnecessária. Chloe Bailey e Ryan Simpkins dão uma dinâmica boa como “mocinhas”, têm um elo menos piegas com o personagem central, mesmo com uma profusão confusa do roteiro. David Hyde Pierce é o mais simples, porém misterioso. Silenciosamente, entra na trama sem qualquer alarde maior e é um dos personagens que terá um destino bastante improvável, digamos assim, mesmo que não tenhamos nada substancial para entender, de fato, o que ocorre.
“O Exorcismo” é para exorcizar do gênero, esquecível como material para o terror e exemplo de como não se deve fazer um filme ou mudar o rumo das coisas. Tem suas qualidades no primeiro ato com uma história interessante que desmonta em nossa vista a partir do momento crucial que pede algo mais engenhoso que descarta qualidade, elenco, dinheiro de maquiagem, dinheiro de efeitos visuais e principalmente emoção, uma várzea tremenda.

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