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Crítica | O Corvo

  • Foto do escritor: Gustavo Pestana
    Gustavo Pestana
  • 23 de ago. de 2024
  • 4 min de leitura

2024 | 1 h 51 min | Ação – Fantasia – Suspense

[ ATENÇÃO ESTA CRÍTICA CONTÉM SPOILERS ]

(Imagem Filmes/Divulgação) 


O remake de O Corvo chegou aos cinemas e com ele trouxe a sensação de por que fizeram esse remake dessa forma? Não se aproxima tanto dos quadrinhos quanto parecia, não se aproxima tanto do longa de 1994 estrelado por Brandon Lee e flutua em meio à confusão e tentativas, não conseguindo agradar completamente a nenhum público.  


O roteiro escrito pelo trio James O'Barr (criador dos quadrinhos), Zach Baylin (Bob Marley: One Love, Gran Turismo - De Jogador a Corredor e Creed III) e William Josef Schneider (15-40) é confuso, raso e um tanto arrastado, muito diferente do que parecia mediante aos trailers e divulgação do longa.  

 

A direção de Rupert Sanders (A Vigilante do Amanhã - Ghost in the Shell e Branca de Neve e o Caçador) também deixa a desejar, todo o clima criado e as cenas em que monta toda a história não chega perto dos quadrinhos ou do longa de 94, deixando ainda mais vazio toda a experiência que o filme deveria proporcionar.  

O Corvo (Imagem Filmes/Divulgação) 

(Imagem Filmes/Divulgação) 


A premissa da história é simples, igual é a do material original, Eric (Bill Skarsgård) e Shelly (FKA Twigs) são um casal extremamente apaixonados, e devido a uma morte brutal Eric fica preso no limbo entre morrer e estar vivo, ganhando a habilidade de ser imortal, para que consiga vingar a morte de sua amada e assim poder finalmente descansar ao seu lado.  

 

Nos quadrinhos, essa premissa é muito bem trabalhada na falta dos diálogos e nas sensações que sua presença causa nas pessoas que persegue, e essa sensação e vontade ficaram faltando no filme.  

 

Entendo que não teria como adaptar o longa sem ter de trabalhar aspectos que não foram explorados nos quadrinhos, como, por exemplo, a relação do casal, mas a maneira como é retratado aqui fica muito a desejar, onde não conseguimos nos importar o suficiente com eles para justificar toda essa jornada de vingança que Eric vai passar.  

O Corvo (Imagem Filmes/Divulgação) 

(Imagem Filmes/Divulgação) 


Outro ponto que julgo de extrema importância nos quadrinhos e que aqui foi mudada é a maneira como os personagens morrem, nos quadrinhos eles morrem pelo simples acaso, algo inesperado e completamente aleatório, causando ainda mais a sensação de revolta em quem está lendo, e isso é um fator determinante na história. 

 

No filme já não é assim que acontece, Shelly tem uma ligação com o vilão, e essa ligação é o motivo para que a cassem e a matem, e Eric só é morto por estar junto a ela, e essa mudança tira essa sensação do corte brusco que tiveram em suas vidas, pois não haviam em nenhum momento a espectativa de serem mortos, enquanto aqui no filme sempre houve essa sensação, transformando as mortes em algo vazio e premeditado. 

 

Outro grande problema do longa na minha visão é justamente o antagonista, Vincent Roeg (Danny Huston). Ele simplesmente tem poderes e é basicamente um ser divino e demoníaco, e não um mafioso qualquer. Tendo ele uma série de capangas bem armados e militares a sua disposição, transformando ele em uma parada completamente mística e surreal que não é explicada em nenhum momento do filme. O fato de ter elementos místicos não um grande problema, já que existam elementos místicos nas demais adaptações do Corvo, mas aqui, parece não fazer nenhum sentido com a história, não encaixando com a proposta e sendo simplesmente mais um elemento jogado em tela.  

O Corvo (Imagem Filmes/Divulgação) 

(Imagem Filmes/Divulgação) 


Mas talvez o principal problema do longa seja seu roteiro arrastado e a falta de explicação de elementos que seriam importantes e o excesso de explicação em elementos extremamente simples e visíveis, deixando claro que a produção ficou perdida e não soube avaliar oque era prioridade em termos de explicação, e apostou nos elementos errados para criar a aura misteriosa e contemplativa que o filme deveria ter, tornando este um grande filme qualquer coisa.  

 

Mas nem tudo é ruim, Bill Skarsgård (Eric) e FKA Twigs (Shelly) mandam bem no filme, mesmo que não tenham muitos momentos para poder fazer um bom trabalho, Skarsgård já demonstrou toda sua habilidade como ator interpretando Pennywise em It: A Coisa e It: Capítulo Dois tendo a possibilidade de mergulhar fundo na psique do personagem e poder trabalhar muito bem nas camadas de dor e sofrimento que ele precisa, e é isso que ele tenta fazer, mas com um roteiro e direção fracos, realmente fica difícil. 

 

FKA segue por uma linha parecida, conseguindo entregar uma delicadeza e romance (mesmo que da maneira louca que o filme escolheu seguir) que são importantes para a personagem, mas como é um dos seus primeiros papeis em grandes produções, ela ainda não consegue levar tanto esse clima para frente, justamente por conta do roteiro e direção, fazendo com que em certo ponto fique repetitivo, cansativo e previsível. 

O Corvo (Imagem Filmes/Divulgação) 

(Imagem Filmes/Divulgação) 


Em questão de cena de ação, o longa basicamente tem 20 minutos, e é justamente a cena que está no trailer, onde o Corvo invade um teatro e causa uma chacina, sendo essa a única cena realmente boa, mas é só um aperitivo, pois logo em seguida o filme esfria e voltamos para o que tínhamos desde o início.  

 

O Corvo é um filme que tinha tudo para ser diferente dos demais e trazer uma pegada mais sombria e dramática para os cinemas, mas todo esse potencial foi perdido na tentativa de fazer um filme de herói genérico, onde o roteiro e a direção deixa a desejar e suas mudanças na base da história se mostram ridículas e infundadas, nos entregando esse remake que ninguém queira. 

Nota

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