Crítica | Nas Terras Perdidas
- Lobisomem Zumbi
- 16 de abr.
- 4 min de leitura
2025 | 1 h 41 min | Ação – Aventura – Fantasia
Nas Terras Perdidas será mais uma daquelas críticas que teremos duas opiniões diferentes, a primeira delas e do nosso querido Gustavo Pestana e a segunda delas é do Fagner Ferreira. Mas para começar vamos a crítica do Gustavo Pestana.
O diretor Paul W.S. Anderson (Monster Hunter, Corrida Mortal, Resident Evil: O Hóspede Maldito, Mortal Kombat, entre outros) retorna aos cinemas com uma adaptação de um conto de George R. R. Martin, autor de Game of Thrones. Como de costume, sua parceria com Milla Jovovich permanece firme, afinal, trabalhar com a esposa sempre foi uma marca presente em seus projetos.
Em Nas Terras Perdidas, a trama apresenta uma fantasia típica do início dos anos 2000, remetendo fortemente a obras como Mad Max, Resident Evil, A Batalha de Riddick e Anjos da Noite. O enredo se desenvolve por meio de uma sucessão de acontecimentos inverossímeis, com exageros constantes e um distanciamento evidente da realidade, ou mesmo do mínimo exigido pelo gênero de ação. A narrativa parece muitas vezes construída em função de cenas pensadas para impactar visualmente, mais do que para sustentar uma história coesa, evocando um tom de fantasia já familiar nos títulos citados.
Como era de se esperar, o filme não se preocupa em desenvolver uma história aprofundada. Diversos eventos simplesmente acontecem e se resolvem com a mesma rapidez, muitas vezes explicados de forma superficial, mesmo que isso contrarie a lógica interna da própria obra. Fica claro que o foco está nas sequências de aventura e ação.
Os protagonistas, Milla Jovovich (como Gray Alys) e Dave Bautista (no papel de Boyce), embora não sejam conhecidos por atuações marcantes, funcionam bem dentro da proposta do projeto. A química entre os dois é convincente, e as cenas de ação são bem executadas, cumprindo o que se espera de um filme desse estilo, ao menos dentro das expectativas do público (ou, pelo menos, dentro das minhas).
Nas Terras Perdidas está longe de ser um grande filme, mas também não chega a ser um desastre completo. Não se destaca entre as produções do gênero nem dentro da filmografia dos nomes envolvidos, mas consegue entreter. Ainda assim, com um roteiro mais bem trabalhado e maior cuidado na construção de seus elementos narrativos, poderia proporcionar uma experiência muito mais imersiva.
Um adendo final: o encerramento do filme é absolutamente surreal. O plot twist, embora previsível, é no mínimo insano, e a cena final beira o cômico, tanto que terminei o filme rindo, e tenho quase certeza de que essa não era a intenção.
Se você é fã dos filmes de Paul W.S. Anderson, aprecia o trabalho de Milla Jovovich ou já leu o conto que inspirou a produção, pode valer a pena conferir. Caso contrário, talvez seja melhor aguardar outra oportunidade para assistir, embora seja inegável que a fotografia tenha um impacto visual considerável nas telonas.
Gustavo Pestana

Agora você fica com a segunda crítica escrita pelo nosso querido Fagner Ferreira.
Baseado na história homônima de George R. R. Martin, o diretor Paul W.S. Anderson traz ao cinema a adaptação de Nas Terras Perdidas, uma fantasia pós-apocalíptica protagonizada por Milla Jovovich no papel de Gray Alys, uma bruxa poderosa perseguida pela Igreja por atos considerados contrários à moral e às leis da instituição.
Nesta jornada, ambientada em um universo que remete ao estilo faroeste ficcional, Gray Alys é convocada por uma princesa local (Amara Okereke) para utilizar suas habilidades mágicas e realizar o desejo da jovem de se transformar em uma criatura bestial. Em oposição, Jerais (Simon Lööf), servo leal da realeza, torce pelo fracasso da missão, mesmo diante de um preço inimaginável, pois a bruxa jamais se recusa a atender um pedido. Para cumprir a tarefa, Gray Alys contrata o caçador Boyce (Dave Bautista), que a acompanha pelas perigosas e enigmáticas Terras Perdidas.
É nesse clima de aventura mística e exploração do desconhecido que Paul W.S. Anderson constrói uma atmosfera agressiva, marcada por tons sépia que tentam disfarçar o uso excessivo de CGI. A busca pela fera começa de forma relativamente envolvente, revelando a ganância e a heresia presentes em todos os núcleos da narrativa, Igreja, realeza e até a dupla protagonista. A articulação entre essas camadas cria uma estrutura interessante, ainda que fragmentada, fiel ao espírito do conto original.
Conforme os eventos se desenrolam, a desconexão entre trama, ritmo e público se torna evidente. O filme dá sinais de que pode engatar, mas insiste em refrear o próprio impulso criativo para desenvolver a personalidade de Gray Alys. Esse esforço em equilibrar a presença de Milla Jovovich e dar profundidade à personagem resulta em uma figura central esvaziada, carente de alma, mesmo com o roteiro tentando dar maior protagonismo ao lobisomem (algo até crível dentro da proposta).
A dupla principal se empenha ao máximo para envolver o espectador, apelando constantemente às emoções presentes na narrativa. No entanto, a direção toma decisões excessivamente referenciadas, com ecos visuais de Mad Max, Duna, Eu Sou a Lenda e A Torre Negra, o que reforça a falta de originalidade. A estética, apesar de impactante, não é suficiente para sustentar uma adaptação fadada ao fracasso, marcada por inúmeros furos de roteiro e personagens interessantes, mas inseridos de forma aleatória, como peças mal posicionadas em um tabuleiro de xadrez.
Nas Terras Perdidas representa um desperdício de potencial no que diz respeito à adaptação literária. O esforço para tornar a história funcional no cinema é desperdiçado pela ausência de conexões mais profundas entre os personagens e o enredo, que poderia render muito mais dentro da ficção. Caso o material original seja retrabalhado para uma futura série, há esperança de que se alcance um resultado mais consistente, com diálogos melhor elaborados, cenas mais impactantes e uma narrativa realmente digna de ser contada.
Fagner Ferreira

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