Crítica | Ataque dos Cães

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2022 | 2 h 6 min | Drama – Faroeste 

(Netflix/Divulgação)

Os filmes de faroeste já foram um grande marco no cinema mundial. O ufanismo de grandes batalhas mostra uma identidade nacionalista e seus domínios de civilização com um pouco de imaginação norte-americana.  

Baseado na trama do romance de Thomas Savage, de 1967, “Ataque dos Cães” volta aos anos 20 para contar uma história de dois irmãos com diferenças em suas filosofias. Phil (Benedict Cumberbatch) é um típico caubói ignorante dos seus pensamentos, rude com as pessoas na maioria do tempo e vive sem tomar banho. Já George (Jess Plemons) é totalmente o inverso, um homem mais culto, social e de poucas palavras. Ambos são responsáveis por tomar conta da fazenda dos pais, em Montana, porém nesse jogo de gato e rato as diferenças entre os dois são a regência da trama rodeada de oposições, assuntos do passado e os afetos.  

A direção de Jane Campion é categórica em sua construção de personagens. Conforme a trama vai passando, conhecemos melhor os personagens do filme, caminhando em conjunto com a narrativa proposta. Cada cena é como se fosse um degrau a mais, uma eloquência estrondosa da diretora que cria camadas ligando quase todos os personagens dentro dessa “ramificação”. Cada movimento de câmera também é algo minucioso, já que Jane coloca pequenos detalhes em grandes proporções que serão explorados em um diálogo ou em uma simples cena.  

(Netflix/Divulgação)

Plemons está ótimo em seu papel, assim como Kirsten Dunst (“Homem-Aranha”) na pele de Rose, que demonstra um desequilíbrio emocional bastante carregado, abalando a personagem. O grande destaque vai para a dupla Cumberbatch e Kodi Smith-McPhee (“X-Men: Apocalipse”) e a construção de ambos os personagens que alimentam coincidências, porém com estereótipos diferenciados, uma química invejável na trama, merecendo a indicação dos atores no Oscar.  

Polêmico, “Ataque dos Cães” não é um filme de fácil compreensão para os ignorantes de plantão, com pensamentos retrógrados diante dos fatos e do gênero. Jane Campion nos mostra que histórias podem, sim, ser diversificadas, quebrando os paradigmas da sociedade e entrega um dos melhores filmes de 2021.