Crítica | As Tartarugas Ninja: Caos Mutante
- Gustavo Pestana
- 22 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
2023 | 1 h 39 min | Animação – Ação – Aventura

(Paramount/Divulgação)
A mais nova animação da Paramount em parceria com a Nickelodeon “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” traz uma nova abordagem para os personagens clássicos dos anos 80, mantendo suas personalidades e características principais e atualizando seu estilo para a atualidade e modernizando a maneira de criar a relação dos personagens com o público, seja ele fã de longa data ou iniciante no desbravamento dos esgotos de Nova York.
O roteiro escrito por Seth Rogen, Jeff Rowe, Evan Goldberg, Dan Hernandez e Benji Samit deixa claro que este é um projeto feito por fãs das tartarugas, mostrando um vasto conhecimento de seu universo e de sua essência, deixando transparecer a todo o momento do longa o ar caótico organizado que é a vida das tartarugas, pontuando muito bem a característica principal que, a meu ver, é o que faz com que elas sejam o grande sucesso que são, o fato delas serem adolescentes mutantes ninjas.
Parece um pouco óbvio essa observação, mas se formos analisar, é extremamente complicado e geralmente ignorado estes fatos quando falamos de adaptações das tartarugas para o cinema nos projetos mais recentes.
O fator adolescente é muito pouco trabalhado, dando foco na parte ninja buscando a ação e na parte mutante buscando o visual, mas a essência destes pontos que é o fato deles terem a vontade comum de um jovem em ser aceito pela sociedade, mas que no caso deles é mais complicado, pois eles são tartarugas mutantes, mesmo que usem suas habilidades como ninja para deixar a cidade de NY segura.

(Paramount/Divulgação)
Esse base fundamental da história é a parte que é mais abordada no longa, obviamente não é somente isso que o filme nos apresenta, esse seria a alma do projeto, nos apresentando esses elementos envoltos a excelentes cenas de ação, comédia desenfreada e muita, mas muita diversão, revisitando suas personalidades adolescentes e todo o caos que jovens de 15 anos criam a seu redor, de uma maneira leve e direta, sem cair no clichê de serem irritantes ou idiotas, eles simplesmente são adolescentes.
Outro ponto que rejuvenesce a história e traz ainda mais a pegada adolescente, é a estética e as referências que o projeto faz, sua estética é simplesmente absurda, uma mistura de animação 2D, 3D, aquarela, grafite, rascunho entre outras, criando um estilo diferenciado, muito inspirado em “Aranhaverso” e “Gato de Botas 2”, mas que aqui não serve só como uma escolha visual, mas que complementa a mensagem que o filme apresenta.
Fora as centenas de referências à cultura POP, desde propriedades intelectuais da Nickelodeon, BTS, filmes e séries, entre outras coisas, criando um paralelo imenso com a nossa realidade.
Aproveitando que estamos falando dos personagens, devo ressaltar a importância que o roteiro dá ao desenvolvimento dos personagens que movem a história realmente, já que temos muitos personagens juntos, as quatro tartarugas, Splinter, Super Mosca e entre outros.

(Paramount/Divulgação)
Eles ganham um background muito interessante, mostrando suas convicções e aprofundando o necessário para criar a relação necessária para criar empatia com os personagens, nos deixando sempre à mercê do ponto de vista dos protagonistas, embora também ganhemos o ponto de vista dos antagonistas e todas as relações complicadas que ambas as partes desfrutam.
Embora pareça até o momento que o longa não tem nenhum problema, devo ressaltar alguns pontos controversos, pois nem todos eles são negativos à minha visão.
O primeiro deles é a história um tanto clichê, chegando a momentos que são previsíveis, mas que no contesto tem sua lógica e funciona, o outro seriam as mudanças, alguns poucos pontos na história de personagens entre outras coisas que sofreram alterações, mas que no contexto em que o filme se encontra faz sentido e funciona.
Por isso eu não chego a considerar pontos negativos, mas sim modificações feitas em busca de uma nova linguagem e uma nova abordagem para os personagens, que de maneira geral me agradou, e que de maneira alguma descaracteriza os personagens, reforço que o fator mais importante do filme é o que são as tartarugas em sua essência, e isto está presente e muito neste projeto.
Finalizando a análise, devo concluir que “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” é um filme muito divertido e que faz jus aos personagens, apresentando um universo rico de elementos interessantes, mesmo repleto de clichês do cinema, o longa não se trona cansativo e suas atuações (pelo menos na versão dublada) estão impecáveis, criando uma “nova” franquia com um visual deslumbrante e que ganhará em breve uma série na Paramount+.

Comments