Crítica | Amores Materialistas
- Fagner Ferreira Seara
- 2 de ago.
- 2 min de leitura
2025 | 1 h 56 min | Comédia – Romance
(Sony Pictures/Divulgação)
Celine Song estreou como diretora em Vidas Passadas, filme aclamado pela crítica especializada e que, mesmo dividindo a opinião do público, apareceu no Oscar em duas categorias. A história traz um casal de amigos que se reencontra 12 anos depois, após a família da garota se mudar para outro estado, e revive suas experiências do passado em um encontro de tom “romântico”. Agora, a diretora retorna aos cinemas com Amores Materialistas, um romance que traz elementos de seu primeiro filme, com Chris Evans, Dakota Johnson e Pedro Pascal no elenco.
Embora não tão diferente de sua estreia, este novo trabalho tem uma abordagem distinta. Conhecemos Lucy (Dakota Johnson), uma “casamenteira” de sucesso que tenta unir casais por meio de características desejadas em um vínculo contratual com a empresa onde trabalha. Durante seu trabalho, ela conhece Harry (Pedro Pascal), um bom partido, rico, alto, charmoso, que logo demonstra forte atração por Lucy. No entanto, o destino intervém quando ela reencontra John (Chris Evans), seu ex-namorado, que agora trabalha como garçom em um buffet. É nesse “triângulo amoroso” que a vida de Lucy está prestes a ganhar um novo significado.
À primeira vista, a história pode parecer mais um romance bobo e clichê como sugere o trailer, mas, na verdade, Celine constrói sua narrativa criticando justamente a forma como as pessoas negociam a felicidade com base em estereótipos e qualidades idealizadas, na esperança de encontrar o amor da vida e acabar com a solidão. Um momento específico da trama ilustra bem a essência do que o filme quer transmitir: um ponto de virada que abala o psicológico da personagem de Dakota, transformando-a de uma pessoa fria e detalhista em alguém aberta ao novo, ao desconhecido e ao incerto.
(Sony Pictures/Divulgação)
O problema de Amores Materialistas está nas escolhas de Celine para intensificar o drama. Se, por um lado, o desenvolvimento da personagem através de eventos cotidianos é inteligente, por outro, a diretora perde a mão e deixa de lado o aspecto romântico do filme. Por se tratar, e se vender como um romance, a experiência cinematográfica apresenta furos e diversos problemas narrativos e de roteiro. A química nos relacionamentos amorosos tenta se estabelecer, mas, como o propósito do filme parece apontar para outro caminho, essa parte soa piegas e sem desenvoltura de qualidade. E não é culpa do elenco, que entrega boas atuações em todos os momentos, especialmente Dakota Johnson, que se sobressai nas cenas em que os três estão juntos.
Apesar disso, Amores Materialistas se distancia dos romances genéricos que dominam os streamings, com uma história que, em certos momentos, impacta pela carga dramática ao evidenciar o capitalismo e o ego humano ao escolher um “avatar” para ser parceiro de vida. O grande pecado está em se apresentar como um romance, pois isso pode tornar a experiência frustrante para quem espera algo mais tradicional do gênero.

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