Crítica | Hurry Up Tomorrow: Além dos holofotes
- Gustavo Pestana
- 15 de mai.
- 2 min de leitura
2025 | 1 h 45 min | Suspense
(Paris Filmes/Divulgação)
Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes é o tipo de filme que desperta reações extremas. De um lado, há quem enxergue genialidade nas metáforas, no caos visual e na suposta “loucura proposital” da trama. Do outro, o público que sai da sessão confuso, frustrado e sem entender os motivos por trás dos acontecimentos. E, honestamente, estou mais próximo desse segundo grupo.
O longa é um thriller psicológico protagonizado por Abel Tesfaye/The Weeknd, que interpreta uma versão ficcional de si mesmo. Durante uma noite intensa, ele é conduzido por uma jovem misteriosa, Anima (Jenna Ortega), por uma jornada emocional que o coloca frente a frente com suas próprias sombras. A relação entre os dois é sufocante, obsessiva e cada vez mais perturbadora, empurrando o personagem para o limite da sanidade.
A premissa pode até soar interessante, mas a execução é densa, confusa e propositalmente caótica. Desde os primeiros minutos, o protagonista lida com a frustração de uma separação (aparentemente causada por sua personalidade explosiva, instável e emocionalmente dependente). Anima, por sua vez, surge como um enigma: pouco se sabe sobre sua origem ou motivações, exceto que também carrega traumas e transtornos, além de uma obsessão intensa pelo cantor. Isso se ela realmente for alguém existente, e não mais um surto da cabeça de nosso protagonista.
(Paris Filmes/Divulgação)
O filme é inspirado no sexto álbum de estúdio de The Weeknd, que leva o mesmo nome da produção. A trilha sonora, como era de se esperar, é um dos pontos altos, oferecendo momentos potentes que podem agradar especialmente aos fãs do artista.
A linguagem simbólica é levada ao extremo. Há tantas camadas metafóricas que, em muitos momentos, é impossível saber o que está realmente acontecendo. A fronteira entre realidade e delírio se dissolve, enquanto luzes piscam, a câmera gira e cenas alucinadas tomam conta da tela. Esse caos visual, que talvez tenha sido pensado como arte, acaba se tornando exaustivo e, em alguns momentos, até irritante.
No elenco, além de Abel Tesfaye e Jenna Ortega, Barry Keoghan interpreta Lee, o empresário e melhor amigo do protagonista. Apesar de seu talento, o ator pouco consegue se destacar em meio à bagunça narrativa. O mesmo vale para Ortega, que tem um papel central, mas se perde na falta de direção clara e no excesso de simbolismos confusos.

(Paris Filmes/Divulgação)
Talvez o filme funcione melhor como uma grande experiência audiovisual ou até como uma extensão artística da identidade musical de The Weeknd. Mas como obra cinematográfica, especialmente para o público que espera uma história com começo, meio e fim coerentes, se mostra decepcionante. A trama é sufocante, a edição frenética e o excesso de drama torna a experiência cansativa.
Se você é fã do cantor, pode até encontrar valor na proposta. Caso contrário, minha recomendação é aguardar o lançamento em alguma plataforma de streaming. Assistir nos cinemas pode ser um teste de paciência para quem não embarcar totalmente na proposta caótica do filme.

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