Coração de Lutador - The Smashing Machine

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2025 | 2 h 3 min | Ação – Biografia – Drama – História – Esportes

(Diamond Films/Divulgação) 

Coração de Lutador – The Smashing Machine talvez seja o grande destaque do momento. O longa apresenta a trajetória de Mark Kerr, campeão de artes marciais mistas (MMA) e do UFC, em uma cinebiografia que ganhou força ainda maior graças à performance surpreendente de Dwayne Johnson. O ator recebeu 15 minutos de aplausos no Festival de Veneza, e não foi por acaso. 

A narrativa oferece um retrato amplo da vida de Kerr, abordando seu vício em analgésicos, o relacionamento abusivo com Dawn Staples (Emily Blunt), a transição do vale-tudo para o MMA moderno e a luta para se manter relevante no esporte. São temas ricos e cheios de potencial, mas tratados de forma um tanto superficial, sem o aprofundamento necessário para que cada conflito ganhe o peso dramático merecido. 

O roteiro parece hesitar entre mostrar tudo ou se concentrar em um aspecto específico da vida do lutador. O arco do vício em analgésicos surge com intensidade, mas se resolve rapidamente. O mesmo acontece com o relacionamento: começa promissor, mergulha em uma crise profunda e depois praticamente desaparece, restando apenas uma conclusão resumida no desfecho. Já os momentos dentro do octógono ocupam maior parte da trama, trazendo uma boa evolução na jornada de Kerr, de um atleta egocêntrico a alguém transformado pelas quedas que enfrentou fora dos ringues. 

(Diamond Films/Divulgação) 

Se a condução da história vacila, a atuação de Dwayne Johnson é o verdadeiro trunfo do filme. O astro, conhecido por papéis de ação grandiosos e muitas vezes repetitivos, entrega aqui um lado dramático raramente visto em sua carreira. Sua interpretação equilibra força física com fragilidade emocional, criando uma versão de Kerr intensa, vulnerável e extremamente humana. As cenas com Emily Blunt e Ryan Bader (como Mark Coleman, melhor amigo e parceiro de esporte) reforçam essa dimensão, transmitindo emoção genuína e química palpável. 

Ainda assim, embora seja uma atuação marcante, não chega a ser inédita em termos de impacto dramático. O frenesi em torno dos aplausos em Veneza provavelmente se deve ao fato de ser uma virada inesperada na carreira de Johnson, que nunca havia recebido tanto reconhecimento pela sua capacidade interpretativa. Tanto que a expectativa de vê-lo indicado em grandes premiações cresce, mas sua performance, embora excelente, não necessariamente supera o que já vimos em outras produções que exigiam o mesmo sentimento de seus atores. 

(Diamond Films/Divulgação) 

O elenco de apoio também cumpre seu papel com maestria, equilibrando dores, conflitos e momentos de alívio, mas o filme perde força ao não definir qual recorte de fato deseja contar. O resultado é uma cinebiografia envolvente, mas superficial, que poderia ter sido muito mais impactante se tivesse mergulhado fundo nos dramas pessoais e ou nas conquistas de Kerr. 

O desfecho, no entanto, traz uma nota poderosa e agridoce: ao mostrar o verdadeiro Mark Kerr vivendo longe dos holofotes, em uma vida simples e tranquila, que ao mesmo tempo que mostra que Kerr conseguiu se reerguer e ter uma vida tranquila, também mostra que mesmo com sua importância para o esporte e um dos pilares do MMA acabou esquecido pelo grande público, enquanto hoje em dia, praticamente todos são tratados como grandes estrelas.