Crítica | The Mastermind
- Fagner Ferreira Seara

- 16 de out.
- 2 min de leitura
2025 | 2 h 8 min | Ação – Aventura – Comédia
(Imagem Filmes/Divulgação)
Sendo uma das principais atrações do Festival do Rio 2025, após concorrer à Palma de Ouro no Festival de Cannes, chega aos cinemas brasileiros The Mastermind, novo trabalho da diretora Kelly Reichardt. Conhecida por seu olhar sensível e intimista sobre o cotidiano americano, Reichardt subverte o subgênero de “filmes de roubo”, transformando-o em uma reflexão melancólica sobre ambição, fracasso e dignidade. O protagonista é vivido por Josh O’Connor (Rivais), em uma das atuações mais contidas e precisas de sua carreira.
Ambientado em uma pequena cidade americana dos anos 1970, o filme acompanha J.B. Mooney (O’Connor), um carpinteiro de temperamento pacato que vive sob a sombra do pai, Bill Mooney (Bill Camp), um juiz respeitado na comunidade. Casado com Terri Mooney (Alana Haim), J.B. enfrenta dificuldades financeiras e um profundo sentimento de impotência. Cansado de depender dos outros, ele decide realizar um ousado roubo em uma galeria de arte local, com o objetivo de recuperar o controle de sua vida e reafirmar seu valor.
Em vez de recorrer ao ritmo frenético e às convenções típicas do gênero, Reichardt aposta na observação silenciosa e na narrativa paciente. Desde a cena de abertura, um plano longo e sem trilha sonora de J.B. furtando discretamente um artefato, já é possível entender que The Mastermind não é sobre o crime em si, mas sobre o vazio que o motiva. A diretora filma o roubo com uma serenidade quase poética, transformando cada gesto em uma metáfora sobre desesperança e rotina.

(Imagem Filmes/Divulgação)
A fotografia, meticulosamente arquitetada, reforça esse tom contemplativo, utilizando tons ocres e luz natural para evocar a melancolia dos anos 70. A relação entre pai e filho é o eixo dramático do filme: o olhar de desaprovação do juiz Bill Mooney ecoa em cada decisão de J.B., moldando suas frustrações e escolhas. No entanto, a personagem de Alana Haim acaba subutilizada. Sua presença serve mais como apoio emocional do protagonista do que como um contraponto narrativo relevante.
The Mastermind pode não ser explosivo em ritmo ou estrutura, mas reafirma a habilidade de Kelly Reichardt em transformar o banal em algo cinematograficamente sublime.
O desfecho, de humor irônico e agridoce, sintetiza o tom do filme: um retrato de pequenos sonhos e grandes desilusões, onde o verdadeiro “roubo” é o da esperança cotidiana.





















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