Crítica | Quando o Céu se Engana
- Gustavo Pestana

- 14 de nov.
- 3 min de leitura
2025 | 1 h 37 min | Comédia – Fantasia – Romance
(Paris Filmes/Divulgação)
O diretor, roteirista e ator Aziz Ansari nos presenteia com uma comédia espirituosa e cheia de carisma, estrelada por ele mesmo (é claro), Keanu Reeves e Seth Rogen. O resultado é um filme que mistura humor afiado, reflexões sobre divindade e críticas sociais, tudo embalado por um trio que sabe exatamente como fazer o público rir e pensar ao mesmo tempo.
Se o nome Aziz Ansari não soar familiar de imediato, não se preocupe. É normal. Eu mesmo demorei um tempo para lembrar, até perceber que ele interpretava Tom Haverford, o funcionário público egocêntrico e hilariante de Parks and Recreation. Seu talento para o sarcasmo e o humor situacional sempre foi destaque, e por isso, minhas expectativas estavam altas para ver o que ele poderia entregar agora, como diretor e roteirista.
E felizmente, Ansari surpreende. Embora o roteiro e a direção não tragam nada revolucionário, a obra é sólida, coesa e muito bem conduzida, o que hoje em dia significa bastante.
O ponto mais interessante está nas nuances temáticas, o filme aborda questões como felicidade, propósito, desigualdade e preconceito de forma sutil, sem precisar “explicar demais”.
Tudo é transmitido através das situações vividas pelos personagens, deixando a mensagem fluir naturalmente e sem transformar o longa em um sermão. Assim, sobra espaço para a comédia brilhar, e para os protagonistas dominarem a tela.

(Paris Filmes/Divulgação)
A trama acompanha Arj (Aziz Ansari), um jovem imigrante que vive dentro do próprio carro e sobrevive de bicos. Sua rotina muda quando passa a trabalhar para Jeff (Seth Rogen), um milionário preguiçoso que trabalha cerca de dez minutos por dia.
Enquanto isso, Gabriel (Keanu Reeves), um anjo responsável por evitar acidentes de trânsito, se compadece de Arj e decide ajudá-lo a ver a vida com bons olhos, já que sua vida difícil o faz ter o menor apreço pela vida.
Sua solução milagrosa? Trocar as vidas de Arj e Jeff, acreditando que, assim, Arj aprenderá que a vida de luxo não é sinônimo de felicidade.
Claro que nada sai como planejado, Arj se encanta com a nova rotina milionária, Jeff entra em colapso com a realidade do trabalho duro, e Gabriel, punido por suas ações, perde seus poderes e é forçado a viver como humano.
A partir daí, o filme embarca em uma jornada de autoconhecimento, empatia e ironia social, com momentos de puro humor e outros de reflexão genuína.

(Paris Filmes/Divulgação)
Keanu Reeves e Seth Rogen formam uma dupla impagável. A ingenuidade angelical de Gabriel contrasta perfeitamente com a frustração e o desespero de Jeff, criando um equilíbrio cômico irresistível. As situações absurdas pelas quais passam soam engraçadas, mas também escancaram realidades que boa parte da população vive, o que torna o riso ainda mais significativo.
Aziz, por sua vez, se sai muito bem como protagonista e narrador moral da história. Sua transição entre o deslumbramento e a melancolia é gradual e convincente, permitindo que o espectador acompanhe seu amadurecimento emocional de forma natural.
Quando o Céu se Engana não pretende ser uma grande crítica social, mas lança olhares certeiros sobre o valor da vida, da empatia e das prioridades humanas.
Faz isso com leveza, boas risadas e um roteiro que evita o óbvio, e o melhor, sem cair no clichê da “mensagem forçada”.
Se tiver a chance, assista nos cinemas. A experiência vale pelas atuações, pelo carisma do elenco e, principalmente, pelo prazer de ver Keanu Reeves de volta à comédia, algo que, convenhamos, é sempre um ótimo motivo para correr para a telona.





















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