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Crítica | Juntos

  • Foto do escritor: Fagner Ferreira Seara
    Fagner Ferreira Seara
  • 11 de ago.
  • 2 min de leitura

2025 | 1 h 42 min | Terror – Romance 

(Diamond Films/Divulgação) 


O subgênero body horror é uma das vertentes mais impactantes do terror, provocando repulsa ao utilizar o corpo humano de forma grotesca como instrumento narrativo. Trata-se de um recurso capaz de chocar e, ao mesmo tempo, transmitir mensagens profundas. Exemplo recente vem de A Substância, que explorou o horror físico para criticar o culto à estética, conquistando destaque até no Oscar e rompendo barreiras do gênero. 

 

Seguindo essa linha, Juntos, dirigido por Michael Shanks, resgata o horror corporal para contar a história de um casal que, paradoxalmente, está junto, mas não conectado como deveria.  

 

Millie (Alison Brie) e Tim (Dave Franco) vivem uma nova fase de suas vidas. Apesar da falta de sintonia, mudam-se para uma pequena cidade após Millie conseguir um excelente emprego como professora. Tim, ainda inseguro com a mudança, se dedica a reconquistar a esposa. Tentando reacender a conexão, eles decidem fazer uma trilha na mata local, mas o que encontram lá os unirá de forma inesperada, bizarra e até mesmo repulsiva.  

(Diamond Films/Divulgação) 


Na vida real, Alison e Dave são casados, e essa intimidade se reflete na entrega ao filme. Mais do que um simples terror, Juntos é uma metáfora visual e narrativa sobre relações amorosas. Shanks constrói uma história que, sob a camada de horror, fala sobre amor, proximidade, tempo de qualidade e a luta para manter vivo o vínculo afetivo. Millie e Tim desejam o mesmo: preservar a relação. Enquanto um busca a sobrevivência do casal, o outro luta para provar que ainda é essencial na vida do parceiro. O episódio na trilha, e o acidente subsequente, é o ponto de virada da narrativa, conduzindo o público a um território de mistério, onde uma presença invisível e ameaçadora habita uma estranha “gruta”.  

 

O horror se insinua gradualmente. Um simples banho se transforma em cena violenta, e a “ligação” entre o casal assume contornos literais: duas pessoas tornando-se, física e simbolicamente, uma só. Aqui, o body horror serve como metáfora para a dependência emocional e a simbiose que podem existir nas relações, questionando até que ponto a união é saudável e quando se torna sufocante.  

 

Junto é um romance visceral travestido de terror, explorando com criatividade a fusão entre afeto e repulsa. Shanks acerta na crítica às relações codependentes, mas o desfecho anticlimático do ato final pode frustrar, diminuindo a força do mistério construído ao longo do filme. Ainda assim, a experiência permanece como uma proposta curiosa e agridoce, marcada por um conceito original que dialoga com o melhor (e o mais inquietante) do body horror. 

Nota

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